"Todo o mundo admira os rebeldes e deseja que eles alcancem algo mais nobre do que a simples rebeldia." - Kevin Patterson

quarta-feira, outubro 24, 2007

AS Roma vs Sporting - O Erro de Paulo Bento



Ontem o Sporting perdeu uma boa oportunidade de fazer um bom resultado em Roma mas, para além dos erros defensivos o Sporting pode contar com a pouca argúcia de Paulo Bento. É nestes momentos que me questiono da verdadeira valia de Paulo Bento como treinador. Trabalha bem a equipa, é bom no balneário, incute uma rigorosa disciplina táctica, mas depois comete erros pouco comuns num bom treinador. Ontem, a opção de descer o melhor jogador do Sporting, o mais constructivo, o mais inventivo e mais inteligente, para central (é claro que falo de Miguel Veloso) delapidou a equipa da sua unidade mais influente e com o raio de acção mais largo. Com Miguel Veloso a trinco as outras três unidades do losango têm muito mais liberdade para subir, e atacar. E Miguel Veloso tem outra vantagem, já que para além de defender bem e inteligentemente é também o primeiro elemento da equipa a atacar e a empurrar a equipa para a frente. É por isso o elemento fulcral na equipa do Sporting. Pedir-lhe que tenha esse papel quando joga a central é um pouco demais, e assim ou ele continua a empurrar a equipa e desiquilibra-a atrás, ou mantém-se no seu papel de central e a equipa perde rapidez na transposição defesa-ataque, fluidez e ritmo. Por outro lado, pôr João Moutinho a trinco é uma solução muito pouco segura, principalmente contra uma equipa de top europeu e com jogadores de boa envergadura. João Moutinho é baixo e apesar da entrega e preserverança não é um jogador marcadamente defensivo. Aliás, nem sequer percebo bem que tipo de jogador ele é... Desculpem, mas não embarco nos elogios exarcebados que lhe fazem para continuar a alimentar a lenda da Academia do Sporting. É um jogador competente e esforçado, com garra e alguma técnica, mas que não me enche as medidas.
Mas voltando ao jogo de ontem, o Sporting entrou até bem no jogo, e apesar de sofrer um golo cedo (erro de Tiago) soube reagir e empatou de seguida, equilibrando o jogo o resto da primeira parte. Na segunda parte a Roma parecia não conseguir incomodar o Sporting como o fez na primeira e nem de penalty mal assinalado conseguiu passar para a frente. E eis que vem o minuto fatídico. Não sei qual foi a maior desgraça, se sofrer o golo (2-1) ou se meter o Paredes para trinco (bem a tirar o Vukcevic que foi uma nulidade) insistindo em Miguel Veloso para o centro da defesa. O golo é aquilo que todos vimos, falhanço na pressão de Abel que deixou escapar a bola e o adversário e uma grande displicência na forma como Tonel aborda o lance. Quando o Sporting precisava de partir para a frente mete o Paredes que já nem a defender é grande coisa (que saudades do Paredes do FC Porto) e deixa a unidade que melhor podia empurrar o Sporting para cima da Roma cá atrás quando já pouco se decidia na defesa do Sporting. Mais tarde Paulo Bento faz outra substituição, metendo um tal de Celsinho que ainda nada mostrou para o lugar de Ronny, optando por um sistema de três defesas e mantendo Miguel Veloso lá atrás. E foi mesmo Miguel Veloso de livre directo o único que ainda conseguiu incomodar Doni.
Penso que faltou sagacidade e astúcia a Paulo Bento na construção da equipa inicial num primeiro momento, e nas substituições num segundo momento. Realmente Miguel Veloso é a melhor unidade do Sporting, mas não pode estar em todo o lado. Desperdiçar um jogador de vistas tão largar no centro da defesa é um crime. A meu ver é um erro que muitos treinadores cometem quando têm um jogador bom e que é algo polivalente. No limite, todos os jogadores são capazes de jogar em mais que uma posição. A inteligência está em pô-los a jogar na posição onde eles são mais eficazes e onde a sua acção será mais influente para a equipa.