"Todo o mundo admira os rebeldes e deseja que eles alcancem algo mais nobre do que a simples rebeldia." - Kevin Patterson

quinta-feira, outubro 25, 2007

Resultado Bom mas Curto para Grande Exibição


Bom jogo ontem entre o Marselha e o FC Porto. Foi bonito ver o Porto entrar autoritário no jogo e mandar num campo difícil como o Velodrome. Não é qualquer um que entra com aquela personalidade naquele campo. O Porto entrou pressionante, mandão, rápido e a jogar ao primeiro toque e para a frente. A primeira parte terá sido o melhor Porto deste ano. Lucho continua a subir de forma e Raúl Meireles está mais influente na equipa, apesar do azar que o acompanhou ontem com duas bolas no poste da baliza francesa. Os laterais muito bem a subir e apoiar o ataque, e muito bem a defender. Os dois centrais intransponíveis pelo ar e muito bem em todo o jogo, quer na antecipação quer na marcação. Stepanov foi como eu esperava uma grande contratação. Temos dupla! Paulo Assunção deu-me a impressão de ser o único que sentiu algumas dificuldades, apesar de ter feito um jogo competente. Mas falta-lhe velocidade e uma boa precisão no passe. A surpesa do onze terá feito o melhor jogo pelo Porto, apesar de ainda não ser suficiente para justificar uma grande assiduidade no onze. Mas estes jogadores novos têm que jogar para ganhar confiança. Só depois se pode dizer se podem trazer ou não mais qualidade á equipa. Postiga entrou bem na segunda parte e justificou a chamada. Lutou muito, desmarcou-se e ganhou bolas no meio da defesa marselhesa. Um remate muito perigoso e um falhanço incrível já no fim. Ainda bem que o árbitro se decidiu pelo penalty, se não ainda agora estaria a dizer mal dele. Quaresma entrou bem mas depois deu a ideia que abusou das fintas inconsequentes, tendo ganho poucas vezes a linha e tendo cruzado muito pouco. Teve o condão de arrastar 3 ou 4 adversários para lhe tirar a bola, libertando o centro do terreno para as entradas de Lucho e Meireles, ou para o recuo de Lisandro.
Resumindo, um grande jogo do Porto que só se pode queixar da falta de sorte e do pouco aproveitamento do volume de jogo produzido. Afinal parece que a paragem prolongada da competição veio aguçar ainda mais o jogo azul e branco. Talvez os novos estejam agora mais entrusados e possamos ver novas caras na equipa a curto prazo. Apesar da injustiça do resultado, e do sabor agridoce na boca dos Portistas por um resultado pior que a exibição, o resultado é ainda assim positivo. Com dois jogos em casa onde o Porto pode fazer 6 pontos o FC Porto pode sonhar com a passagem em primeiro lugar. Com uma vitória em casa frente ao Marselha o FC Porto poderá ir jogar a Anfield Road como primeiro do grupo e, mesmo que perca o jogo receberá o Besiktas para mais 3 pontos, enquanto o Liverpool e o Marselha irão lutar por pontos no Velodrome. Assim, o Porto fará um mínimo de 11 pontos, e basta que o Marselha não ganhe um dos outros dois jogos para que o Porto fique com o primeiro lugar. Ainda há muito para jogar e tudo pode acontecer, mas estão reunidas as condições para o FC Porto poder passar aos oitavos em primeiro lugar, o que em princípio o beneficiará no sorteio. Mas isso são contas para fazer mais á frente. É importante é realçar o grande jogo do Porto que parece finalmente aliar resultados a exibições convincentes. Eu que não sou um grande fã de Jesualdo, sou obrigado a dar a mão á palmatória e louvar-lhe o trabalho.

quarta-feira, outubro 24, 2007

AS Roma vs Sporting - O Erro de Paulo Bento



Ontem o Sporting perdeu uma boa oportunidade de fazer um bom resultado em Roma mas, para além dos erros defensivos o Sporting pode contar com a pouca argúcia de Paulo Bento. É nestes momentos que me questiono da verdadeira valia de Paulo Bento como treinador. Trabalha bem a equipa, é bom no balneário, incute uma rigorosa disciplina táctica, mas depois comete erros pouco comuns num bom treinador. Ontem, a opção de descer o melhor jogador do Sporting, o mais constructivo, o mais inventivo e mais inteligente, para central (é claro que falo de Miguel Veloso) delapidou a equipa da sua unidade mais influente e com o raio de acção mais largo. Com Miguel Veloso a trinco as outras três unidades do losango têm muito mais liberdade para subir, e atacar. E Miguel Veloso tem outra vantagem, já que para além de defender bem e inteligentemente é também o primeiro elemento da equipa a atacar e a empurrar a equipa para a frente. É por isso o elemento fulcral na equipa do Sporting. Pedir-lhe que tenha esse papel quando joga a central é um pouco demais, e assim ou ele continua a empurrar a equipa e desiquilibra-a atrás, ou mantém-se no seu papel de central e a equipa perde rapidez na transposição defesa-ataque, fluidez e ritmo. Por outro lado, pôr João Moutinho a trinco é uma solução muito pouco segura, principalmente contra uma equipa de top europeu e com jogadores de boa envergadura. João Moutinho é baixo e apesar da entrega e preserverança não é um jogador marcadamente defensivo. Aliás, nem sequer percebo bem que tipo de jogador ele é... Desculpem, mas não embarco nos elogios exarcebados que lhe fazem para continuar a alimentar a lenda da Academia do Sporting. É um jogador competente e esforçado, com garra e alguma técnica, mas que não me enche as medidas.
Mas voltando ao jogo de ontem, o Sporting entrou até bem no jogo, e apesar de sofrer um golo cedo (erro de Tiago) soube reagir e empatou de seguida, equilibrando o jogo o resto da primeira parte. Na segunda parte a Roma parecia não conseguir incomodar o Sporting como o fez na primeira e nem de penalty mal assinalado conseguiu passar para a frente. E eis que vem o minuto fatídico. Não sei qual foi a maior desgraça, se sofrer o golo (2-1) ou se meter o Paredes para trinco (bem a tirar o Vukcevic que foi uma nulidade) insistindo em Miguel Veloso para o centro da defesa. O golo é aquilo que todos vimos, falhanço na pressão de Abel que deixou escapar a bola e o adversário e uma grande displicência na forma como Tonel aborda o lance. Quando o Sporting precisava de partir para a frente mete o Paredes que já nem a defender é grande coisa (que saudades do Paredes do FC Porto) e deixa a unidade que melhor podia empurrar o Sporting para cima da Roma cá atrás quando já pouco se decidia na defesa do Sporting. Mais tarde Paulo Bento faz outra substituição, metendo um tal de Celsinho que ainda nada mostrou para o lugar de Ronny, optando por um sistema de três defesas e mantendo Miguel Veloso lá atrás. E foi mesmo Miguel Veloso de livre directo o único que ainda conseguiu incomodar Doni.
Penso que faltou sagacidade e astúcia a Paulo Bento na construção da equipa inicial num primeiro momento, e nas substituições num segundo momento. Realmente Miguel Veloso é a melhor unidade do Sporting, mas não pode estar em todo o lado. Desperdiçar um jogador de vistas tão largar no centro da defesa é um crime. A meu ver é um erro que muitos treinadores cometem quando têm um jogador bom e que é algo polivalente. No limite, todos os jogadores são capazes de jogar em mais que uma posição. A inteligência está em pô-los a jogar na posição onde eles são mais eficazes e onde a sua acção será mais influente para a equipa.